Afundou-se no álcool. Seus cigarros passam de três maços por dia. Banho
antes era pra lavar a alma, hoje somente para não passar em branco. Aquela taça
de cristal, com vinho tinto, estava agora quebrada em pedaços no chão, e o
vermelho sangue na parede, escorrendo, exalando cheiro de 1946. Vinho bom! O
tapa que levou em seu rosto, ainda deixa marcas. Está vendo aquele roxo próximo
aos olhos, e os lábios cortados? Tem um nome; Fracasso. Ele não poderia ir
embora sem antes deixar-te uma lembrança, e deixou. Mas ela tem consciência de
que está caminhando rumo ao fundo do seu poço. Sábado pela manhã cogitou a
hipótese de suicídio; pular da ponte, tomar remédios, atirar-me em frente ao
caminhão, ou atingir-me com uma arma de fogo? Nenhuma das alternativas lhe
agradou. Quem sabe definhar a cada dia? É, hipótese válida. Jogou-se no canto
escuro de sua sala, acendeu o seu cigarro barato, o whisky inebriava o momento,
ao fundo de um blues antigo. Permaneceu ali, inquieta, indefesa e indecisa.


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